Encontro Técnico da CASAN debate a equidade de gênero no Saneamento
Mediada pela gerente administrativa da CASAN, Eveline de Conto, a mesa-redonda começou com participação da diretora-presidente da Companhia, Roberta Maas dos Anjos, a primeira mulher a ocupar o cargo desde a constituição da empresa em 1971. Roberta falou um pouco de sua trajetória, lembrando que, desde a graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental, esteve em um ambiente mais masculino.
“Na minha graduação em Engenharia Civil, somente seis mulheres se formaram. Mais tarde, ao assumir a presidência da CASAN, em 2019, era a única mulher no comando de uma empresa de saneamento no país. Atualmente somos duas mulheres”, assinalou. Também apresentou dados sobre a empresa, que hoje tem 2041 funcionários homens (79,3%) e 531 mulheres (20,7%).
“Tivemos avanços. Temos mais mulheres nas diretorias e a CASAN é hoje a empresa do estado com maior número de mulheres no Conselho de Administração. Éramos em duas conselheiras e agora tivemos a eleição de outras duas engenheiras, somando quatro mulheres de um total de nove conselheiros”, ressaltou a diretora-presidente.
Entre as ações para ampliar os espaços ocupados por mulheres, recentemente a CASAN tornou-se apoiadora da Agenda Positiva do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que tem a equidade como um dos pilares. Outra inciativa são os incentivos, como auxílio creche, redução de carga e jornada, e a licença Empresa Cidadã.
A diretora de Relações Institucionais e Governamentais da ASFAMAS (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento), Luana Siewert Pretto, destacou que, ao se formar na graduação, as mulheres são a maioria (56% contra 44%), mas que este percentual vai caindo ao longo da carreira, chegando ao índice de 97% de homens em cargos mais altos. “O que buscamos é que todos tenham as mesmas oportunidades. Homens e mulheres têm perfis complementares, o que ajuda nas tomadas de decisão”, destacou.
Na Construção Civil, a presença feminina em canteiros de obras cresceu 120% em um período de 10 anos, sendo que, no geral, elas apresentam maior escolaridade – 79,4% das mulheres têm ensino básico, contra 54,9% dos homens. Já no Saneamento, existe um déficit de mulheres em serviço de campo, a maior parte do mercado está no serviço público, na entrada por concurso. Na empresa Águas de Joinville, por exemplo 60% dos funcionários são homens e 40% são mulheres.
“É preciso que as mulheres entendam que podem crescer nas mais variadas frentes e que as empresas vejam que uma maior representatividade agrega para o resultado e também para a população”, apontou Luana, destacando que desenvolver uma cultura de diversidade traz uma visão mais ampla e sistêmica para a solução de problemas.
Especialista em Hábitos de Alta Performance e mentora de profissionais que desejam escalar seu negócio, Elisa Silvestre, abordou alguns motivos que afastam as mulheres de cargos de chefia. Algumas das razões seriam a autossabotagem (as mulheres costumam estabelecer metas muito alta para si mesmas, o que geram críticas destrutivas), o medo de falhar, acúmulo de funções e achar que não var dar conta das responsabilidades. Neste contexto, algumas possíveis soluções são a adoção de jornadas flexíveis, ter grupos de compartilhamento, a divulgação de resultados e as mulheres sendo desenvolvidas para a alta performance como mulheres.
Para Elisa, durante muito tempo, acreditou-se que para ocupar cargos de liderança as mulheres deveriam assumir competências mais masculinas. “Acredito em ter um balanceamento de competências e que as mulheres também possam explorar as competências mais femininas, como autoconfiança, autovalorização, capacidade de gerar e gerir ideias, comunicação assertiva, execução, relacionamento, sensibilidade e intuição“, afirma.
A diretora de Relacionamento e Mercado da COPASA (MG) e da COPANOR, Cristiane Schwanka, também lembrou que na base do mercado de trabalho as mulheres têm melhor capacitação acadêmica, mas que demoram mais para chegar aos cargos de liderança. “A análise do Fórum Econômico Mundial aponta que serão necessários 256 anos para acabar com a lacuna de gênero no trabalho e 136 anos para a equidade de remuneração”.
Para mudar essa realidade, Cristiane acredita que é necessário criar ambientes em que as mulheres possam se aproximar. “Em geral, somos muito mais exigentes conosco e com as outras mulheres. Por isso, precisamos de sororidade para criar uma rede de mulheres fortes, que estimule as outras mulheres a ter coragem para enfrentar os desafios, porque não existe força mais poderosa do que uma mulher determinada a crescer”, sublinhou. Como exemplo, a diretora citou a COPASA que implantou um programa de equidade e de mentoria feminina para apoiar as mulheres, além de uma consultoria para trazer um olhar diferente.
O 10º Encontro Técnico da CASAN prossegue até sexta-feira. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site: https://10encontrotecnico.casan.com.br.
Imagens: Acervo CASAN