Cooperação entre moradores e instituições promove limpeza do mangue e de praias em Florianópolis
Lixo eletrônico, embalagens e sacolas plásticas, restos de panos, apetrechos de pesca, pneus, bitucas de cigarros e isopor fazem parte dos materiais recolhidos em um mutirão de limpeza das praias e áreas de mangue da região do Saco Grande, em Florianópolis.
A ação foi desenvolvido em uma parceria entre Associação dos Pescadores do João Paulo (APPAAJP), Associação de Moradores do Monte Verde, João Paulo e Saco Grande, CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) e Instituto Sueco-Brasileiro de Economia Circular e Desenvolvimento Sustentável (ISBE), entre outras entidades.
As equipes se dividiram para a limpeza no trecho conhecido como praia do Barcela, e do manguezal do Saco Grande, que compõem a Estação Ecológica de Carijós, unidade de conservação de proteção integral da natureza com grande importância ecológica para o município.
“O que me surpreendeu foi a quantidade de lixo que recolhemos num trecho tão pequeno, incluindo a presença de resíduos muito poluentes e que fazem muito mal para a natureza, como isopor, bitucas e lixo eletrônico”, destaca a bióloga Lara Chula Martins, que integra a equipe do Projeto Socioambiental em desenvolvimento pela CASAN na região que está recebendo obras de esgotamento sanitário.
Materiais como isopor demoram cerca de 400 anos para se decompor na natureza e se fragmentam em micropartículas (microplástico) que podem se espalhar pelo ecossistema e comprometer a saúde da fauna quando ingeridas ou inaladas. As bitucas e resíduos eletrônicos, como pilhas e baterias, quando descartados de forma incorreta, liberam metais pesados e outras toxinas contaminando solo e água. Todos os resíduos coletados foram separados de acordo com a sua composição e encaminhados à destinação final adequada em aterro sanitário.
“As praias do João Paulo e do Barcela são espaços de convivência, lazer e de sustento para os pescadores tradicionais. Cuidar desses locais depende da redução do lixo e da poluição, da proteção da fauna marinha e do fortalecimento da cultura pesqueira tradicional”, complementa Julita Hoepers Ferraz, cofundadora do Instituto Sueco-Brasileiro de Economia Circular e Desenvolvimento Sustentável (ISBE), uma das organizadoras do evento.
A CASAN atua na região desde 2020, quando iniciou a execução das obras de implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário e da Estação de Tratamento de Esgoto do João Paulo. A implantação da infraestrutura vai permitir a coleta e o tratamento do esgoto gerado nos bairros João Paulo, Monte Verde, Saco Grande e nos bairros Cacupé, Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui, que já possuem rede coletora instalada, beneficiando 25 mil moradores e aumentando em 3,6% a cobertura de esgoto na capital.
Entre os principais benefícios da implantação do saneamento estão: melhorias na qualidade de vida e saúde, proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade, além de desenvolvimento socioeconômico da região, pois parte da população que vive no entorno depende da vida marinha, da pesca e do cultivo de moluscos para subsistência. As obras têm investimento de R$196 milhões, com recursos garantidos junto à Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
Imagens: Projeto Socioambiental Sistema de Esgoto Monte Verde/ Saco Grande / João Paulo / Acervo CASAN